As duas ex-trabalhadoras, a Sr.ª Fernanda e a Sr.ª Isaura, demonstraram grande à vontade connosco. Ambas não entravam na fábrica desde 2002, ano da falência, sendo bem visível a emoção que sentiram ao pisarem novamente aquele local. Entre algumas palavras de revolta pelo estado em que se encontram alguns dos edifícios, foram-nos respondendo a algumas perguntas. O mais interessante foi mesmo captar as conversas que mantinham entre elas, relembrando alguns dos episódios passados ao longo de mais de 28 anos de trabalho dentro daqueles portões.O porteiro, o Sr.º Serafim, ainda se mantêm o guardião daqueles portões, desde os tempos áureos da empresa. “Ó Serafim, estamos aqui outra vez!”, exclamaram elas ao homem que viam diariamente à entrada de cada dia de trabalho. Logo de seguida a nossa reportagem teve outro ponto de paragem: o bar e refeitório. Era lá que a Sr.ª Isaura almoçava todos os dias. Já a Sr.ª Fernanda apenas ia lá tomar café a meio da manhã. Lá encontraram três colegas que trabalhavam no bar e ainda
continuam lá, agora para atender os formandos que frequentam o centro de formação que funciona mesmo ao lado.A restante reportagem decorreu no pavilhão da antiga fiação, onde ambas trabalhavam. Após duas horas de gravações, eis que a chuva começa a cair. Enquanto nós arrumávamos o material, elas despediam-se mais uma vez da sua antiga fábrica.
